Estou experimentando um misto de sentimentos estranhos... Até a pouco eu estava me sentindo estável, apesar de morta por dentro, me sentia segura e tranquila em um lugar que eu almejava ficar para sempre, mas de repente aquele lugar já não mais me pertencia, e agora existem outras pessoas usufruindo do que um dia foi meu... Meu? Não, as coisas não me pertencem, nada de material é realmente meu,eu sei... É algo que só usufruímos enquanto estamos vivendo uma experiência material, só levamos conosco aquilo que aprendemos, os ensinamentos que tivemos e o caráter que formamos, a bondade que espalhamos e principalmente o auto cuidado, sim o auto cuidado, pq ele é muito importante na nossa formação, para o bem estar da nossa alma, para que ela se vá daqui em paz...
E assim vão se misturando meus sentimentos, esta coisa de me sentir dona de um lugar que na verdade nunca foi meu, pois lugares físicos não me pertencem e eu não pertenço a eles, apesar de sempre estar a procura de um pertencimento, de algo que possa me fazer sentir segura nesta selva que chamamos de mundo...
Neste dezembro me sinto um bichinho enjaulado entre paredes de concreto em um lugar que não consigo sentir a paz tão desejada... Aquela paz que almejei ao ir para um lugar mais aberto e em meio a natureza, mas que se contaminou por presença de pessoas que mexeram com meu íntimo!
Hoje, em um lugar que não me traz a paz desejada, mesmo assim, ainda estou melhor que naquele lugar onde pensei ser a grande sacada, mas que na verdade serviu apenas para que eu repensasse tudo aquilo que vivi até então e com isso, com a minha saída daquele lugar, tudo mudou, minha vida, minha essência, minha existência...
E com tantas mudanças repentinas, os meus sentimentos e meu humor estão confusos, não, eu não errei nas minhas escolhas, pelo contrário, foram decisões pensadas e amadurecidas por vários anos, acontecendo somente agora...
Este turbilhão de sentimentos, confusos e desordenados fazem parte de mim, da minha história e com isso concluo que necessito de um auto cuidado maior,aliás, um auto cuidado, pois em muitos anos, ou a vida toda, me dediquei aos outros, a tentar pelo menos não magoar as pessoas, embora tenha consciência de que magoei e machuquei muita gente nesta minha trajetória, mas se o fiz, foi justamente por não cuidar de mim...
Em meio a estes sentimentos, vem um sentimento de alivio ao saborear esta brisa de liberdade em meio a tantos sentimentos confusos... Não vivo na solidão, mas prezo muito meus momentos de solitude, como este em que me recolho para expor meus sentimentos a quem me lê e para mim mesma, para que possa colocar em ordem as minhas novas prioridades de vida!
Nos últimos meses, pra ser mais precisa, mais de doze, me encontro perdida, sem saber o que fazer, pois queria muito ser feliz, apesar de que felicidade é só um conjunto de momentos bons, mas queria pelo menos ter paz, me sentir bem no meu canto, mas o canto que almejei tanto não chegou nem perto do refúgio que eu imaginei... Isso me tirou a paz, e estou em busca de viver algo por mim mesma, um pouco sem compromisso, pensar em mim e viver por mim, quero poder fechar a porta atrás de mim e esquecer tudo o que viví e ir de encontro ao novo e me reconstruir...
Escrever é exercer a liberdade de expressão, é deixar que o pensamento vague por aí, por vales e matas desconhecidos sorvendo pureza e descrevendo-as nas palavras que são escritas ao embalo do vento que transpassa pelas folhas desta vasta mata verdejante, desbravando e descobrindo o que há escondido lá...
Escrever é crescer, é se compreender, é se descobrir é entrar em contato com o nosso mais profundo ser, não é querer atirar pedras ao alheio... Só que às vezes uma ou outra pessoa lê e se vê ali dentro do contexto e crê que foi escrito para ela... Se trouxer algum conhecimento,é valido...Triste se chocar... Pois quando escrevo estou apenas dando asas aos meus sentimentos íntimos, tentando ao escrever juntar os meus pedaços para que eu os possa ir costurando meu patchwork e assim tornando a minha vida algo mais alegre de se viver!!!
