Mutilar-se em favor de outros

Depois de tanto tempo reclusa deste blog, cá estou, tentando escrever, retornar à vida! Sim retornar à vida, pois viver é ser a essência, é fazer aquilo que nos agrada, que dá prazer, além de colocarmos nossa alma em tudo aquilo que fazemos.

Há muito tempo eu já nem sei quem realmente sou, pois, sem dúvida quem eu era não sou mais, até mesmo porque a evolução nos traz mudanças, esperamos sempre que positivas e acredito que sejam sempre assim, ao contrario não seria evoluir. Mas me refiro a realmente estar alheia à vida, existo,mas não vivo... Não me reconheço, não sei mais quem sou, nem do que gosto, estou há bastante tempo anulada, vivendo a vida do outro e esquecendo que cada um tem sua própria missão, sua evolução e que eu preciso me redescobrir, chutar o pau da barraca se necessário for, mas não mais permitir anular...

Eu sei o quanto é doloroso se anular, não ter mais sua própria vontade, há muitos anos eu me rebelei e disse que nunca mais iria me permitir mutilar por quem quer que fosse, mas depois de um tempo, eis que a história se repete...

Difícil demais se dar conta de que permitiu tudo outra vez, pois só acontece com a gente aquilo que se permite... Eu fui permissiva demais, me mutilei pelo bem alheio, quando o alheio vive sua vida de boa sem nem se ligar nas minhas renúncias, na minha alma mutilada...

Dói muito tu um dia acordar te olhar no espelho e não te reconhecer... Pior ainda quando olhas pra tua alma e encontras um imenso vazio...

A vida chama....Preciso levantar daqui e me redescobrir...

Cair em si...

Dizem por aí que cair em si é o melhor tombo que podemos levar, já que nos impulsiona para algo melhor, acredito nisso, mas cair em si é muito doloroso.

Conviver com alguém por muitos anos, pensar que conhece bem a criatura que está presente em quase a totalidade do tempo e descobrir que ela é tudo aquilo que tu abomina é doloroso demais...

Daí tu cai na real, cai em ti mesmo e te dá conta que tua vida foi e é uma mentira, que passaste anos, muitos, enganada, e te sentes portanto só, muito só...

Parece que o teu mundo desaba... Não parece, ele desaba mesmo... Por te dares conta da tua total dedicação a uma criatura sem amor próprio, que se arrasta por migalhas quando tem tudo o que muitas pessoas possam desejar,mas não é aquilo que quer, despreza, valoriza coisas e pessoas que apenas cultivam interesses pessoais, que nunca poderão suprir aquele buraco que leva no peito...

Cair em si é doloroso... Mas realmente é a melhor queda,  esta é uma dor produtiva,auxilia na tua volta a realidade, e mais ainda, te proporciona raciocínio claro, te dá o pontapé inicial para tua transformação...

Gente... Eu tenho tido muitas quedas... Perdi muitas pessoas nelas, mas me sinto mais leve após deixar para trás estes pesos extras!

Bipolar ou Multipolar...?  Claudio Henrique da Silva

O termo bipolar foi adotado pela medicina para rotular um mal que era conhecido como psicose maníaco depressiva, uma doença do cérebro.

A nova denominação,sem dúvida, ficou muito mais bonita,porém, acarreta um problema:

bipolar é um termo extremamente abrangente, para definir opostos, contrastes, pares, tanto que,

antes mesmo de utilizar-se o termo "bipolar", um derivado desta palavra já era largamente utilizado

pela sua facilidade de assimilação: "bipolarização".

Utilizaram-na muito (a palavra) no período histórico conhecido como guerra fria em frases do tipo

"bipolarização do mundo" para ilustrar a divisão do mundo em dois blocos: capitalista e socialista,

ou seja, dois pólos.

Podemos dizer sem medo de errar que um imã é bipolar, pois apresenta dois pólos: positivo e negativo. 

Mesmo sem guerra fria o mundo continua sendo bipolar: pólo norte e pólo sul.

Até mesmo o cérebro, doente ou saudável, apresenta dois pólos: direito e esquerdo,criativo e analítico.

Neste sentido, somos todos bipolares?

É lógico que somos! corpo físico e abstrato, carne e espírito.

Computadores são bipolares: hardware e software.

Bom, bipolar encaixa-se em tudo, até numa

receita de bolo, acredito.

É uma palavra, talvez, tão indefinida (ou definida demais...), que por isso mesmo utiliza-se facilmente para definir qualquer coisa: tudo que tiver um par, um oposto, ou absolutamente qualquer

motivo ou desculpa que encontrarmos para utilizá-la. 

Nada escapa, olhe para os lados, com cuidado, existe uma conspiração: tudo que te cerca é bipolar!

(olhei agora para meu celular, sempre vi-o inocente mas acabei de desmascará-lo: o infeliz é bipolar...

e sou participante disto, acreditam??? ao carregar ou não sua bateria, eu mesmo defino seus dois pólos: carregado ou descarregado (bateria) e através da tecla on/off defino os pólos ligado ou desligado...)

Bom, entendendo-se desta maneira, o termo bipolar é um fenômeno único na nossa linguagem pelo que citei no texto acima, por ser utilizado como um "coringa verbal" para rotular qualquer comportamento, por mais comum ou absurdo que seja.

Uma palavra, para ter seu sentido alterado, precisa de décadas e décadas, atravessar gerações e gerações, mas (o que direi a seguir,acontece com apenas uma palavra, entre milhares) a palavra bipolar, vejam, nasceu tão abrangente no seu sentido que deveria deixar de ser "bi" para ser "multi".

A intenção da palavra até que foi boa, quis ajudar a tudo e a todos, quis explicar toda e qualquer coisa, e, por isso mesmo, mal nasceu e não suportou a carga, acabou explodindo (coitada) querendo

explicar tudo, mas na verdade não explicando nada...

Bom, agora para falar sobre bipolar, ou o que deveria ser a bipolaridade, como doença, dentro dos

termos médicos, creio que ninguém conseguirá, realmente explicar com palavras, o que é ser bipolar.

Mas quem quiser "googlar" (viva a capacidade criativa verbal social, eis aí, logo acima, a palavra que surgiu da necessidade ou do mero comodismo, da preguiça de folhear pesados e burocráticos dicionários, pois, como diriam os poetas do agreste,heróis da poesia popular: "se nóis num sabi

nóis invênta, nóis só num fica sem si ixpressá, fais parti da nossa capacidade di si comunicá!") mas voltemos ao assunto: quem quiser "googlar" o termo bipolar ou bipolaridade, entre tantos sites e blogs, verá que existe, atualmente, um desconforto tanto entre médicos como pacientes psiquiátricos,

ou mesmo dos que aguentam chiliques daqueles que justificam-se dizendo: "desculpe-me, é que sou bipolar..." e o desconforto é, justamente, pela perda da definição daquele que deveria ser um termo médico.

Mas, sinceramente? Não vejo problema nenhum que os jovens e adultos, enfim, a nossa sociedade

como um todo, tomem para si essa palavra até bonita, "bipolar", porque ela é moderna, legal, cool,

encaixa-se perfeitamente em qualquer assunto e conversa dos nossos círculos sociais, e não explica nada, mas pelo menos ilustra tão bem, as nossas dualidades, e também os atos racionais e irracionais que surgem conforme a razão, a falta dela,ou até mesmo pela simples conveniência

do momento, em que podemos ter atitude ambíguas.

O melhor, mesmo, é deixar o termo bipolar como domínio público para esta juventude bonita.

Se encaixará, perfeitamente, ao convívio deles (jovens), pois bipolar é uma palavra também bonita,

tanto quanto eles.

Fiquem, então, os belos com os belos, e que os psiquiatras utilizem termos e nomes horríveis,

como sempre fizeram, para essas doenças mentais que também são horríveis, e no final vai dar tudo certo.

Bye.